Sucesso do momento em todo o país, a dupla Victor & Leo se apresenta hoje na Vila Folia, em Parnamirim. Sempre lotando casas de espetáculos por onde passam, os irmãos mineiros prometem para o público potiguar um show impecável. E para falar um pouco da carreira da dupla, a TRIBUNA DO NORTE entrevistou com exclusividade Victor Chaves.
TRIBUNA DO NORTE - Conta como foi o início da carreira de vocês?
VICTOR CHAVES - O início foi como o de tantos outros cantores, ou seja, muita batalha e muita dificuldade. Começamos, sem nenhuma intenção, a cantar para amigos em uma pracinha na pequena cidade de Abre Campo, em Minas Gerais. Isso foi em 1992. Já em 1994, eu e Leo deixamos a casa da nossa mãe e nos mudamos para Belo Horizonte. A intenção não era a de cantar, mas sim a de estudar. Até que tentamos fazer algum curso e pensar em uma faculdade, mas o amor pela música falou mais alto e passamos a nos dedicar inteiramente a isso.
E como vocês se sustentavam financeiramente em BH?
VC- É aquela coisa, um dia você paga a conta da luz, no outro, o do gás (riso). Eu e Leo fazíamos pequenas apresentações em barzinhos da cidade. Cantávamos na madrugada. Com o dinheiro das nossas apresentações e dos CDs promocionais que vendíamos, dava para pagar as nossas aulas de canto, o aluguel, mandar dinheiro para a nossa mãe e o que sobrava era para comer algo. Nada com muito luxo.
E como foi a decisão de sair de Minas Gerais e tentar algo maior em São Paulo?
VC - Olha, foi uma decisão muito difícil, mas como tínhamos um objetivo, o de cantar para o Brasil inteiro, o começo teria que ser em São Paulo. Em 2001, uma gravadora chamada Number One nos contratou. Lançamos o nosso primeiro CD com 11 canções, mas acabou não dando muito certo, pois não era o nosso estilo de cantar, não era Victor e Leo ali, então deixamos e gravadora e voltamos a estaca zero.
E a vida ficou melhor para vocês dois em São Paulo?
VC - Não, estava mais difícil do que em Minas. Praticamente começamos do zero. Lá em BH já estávamos com um bom público, que já curtia as nossas canções. Em São Paulo, ninguém nos conhecia. Voltamos a fazer pequenas apresentações em barzinhos na noite paulistana. O bom era que mesmo quem não tinha simpatia por música sertaneja, acabava gostando do nosso som. Em 2004, gravamos um novo CD, mas desta vez independe. O CD, o “Vida Boa”, já tinha mais o nosso estilo, a nossa cara.
É como foi essa história de criar um site para divulgar as músicas da dupla?
VC - Olha, a internet é mesmo uma maravilha (riso). Como a grana continuava muito curta e os gastos em São Paulo eram bem maiores, juntamos um dinheirinho e colocamos o nosso site no ar. A página era simples, mas era por ela que recebíamos e-mails e colocávamos a nossa agenda de apresentações. Lembro que mesmo após cantar horas durante a madrugada e de pegar vários ônibus para voltar para casa, eu sempre passava na lan house que tinha ao lado da nossa casa para responder os e-mails que os nossos poucos fãs enviavam. Não eram muitos, mas eram bem especiais.
E foi mesmo em São Paulo quem começou o sucesso da dupla?
Mais ou menos (riso). São Paulo foi importante pelo fato da gravação do nosso terceiro CD, ainda de forma independente. O “Victor&Leo ao Vivo” foi gravado a pedidos (riso) e em uma apresentação no Bar Avenida Club.
Então vocês já eram bem conhecidos na cidade...
VC - Nem um pouco. Algumas pessoas conheciam as nossas canções, mas poucos sabiam como era o nosso rosto. Passávamos no meio do público e quase ninguém nos reconhecia. Só quando subíamos no palco era que o pessoal passava a conhecer de fato os mineirinhos (riso).
E como foi voltar para Minas Gerais?
VC - Ficamos sabendo que um locutor de uma rádio de Uberlândia estava tocando muito as nossas músicas, isso em 2006. Falaram para nós que já era sucesso total na emissora e tal, mas logo pensamos que o cara estava querendo uma grana para nos promover, mas não era bem assim (riso). O locutor falou que as pessoas realmente estavam ligando para pedir as músicas. Bom, depois de Uberlândia nossas canções passaram a tocar por todo o triângulo mineiro e daí para vários Estados do Brasil, graças a Deus.
É Verdade que um dos CDs independente foi um dos mais “pirateados” do país?
VC - Sim, parece que foram quase 2 milhões de cópias piratas do CD Victor&Leo ao Vivo.
Depois de muita batalha, finalmente o contrato com uma grande gravadora...
VC - Pois é. No ano passado fechamos contrato com a Sony/BMG. A gravadora apostou no CD Victor&Leo ao Vivo e passou a distribuir o nosso trabalho para todo o país. Já no primeiro mês o CD já estava entre os 10 mais vendidos do Brasil. Bom, não? (riso). Mas o bom mesmo de ter a Sony/BMG conosco é que nós definimos o que queremos gravar, quais as músicas vão para o CD, como serão os arranjos das canções. Uma liberdade dada a poucos artistas e estamos bem felizes com essa parceria.
Pelo pouco que conversei com você senti que você é bem “pé no chão” com relação à fama e dinheiro.
VC - Mas tem que ser assim mesmo. A fama é algo que pode acabar amanhã e temos que ter os pés bem fincados no chão para não se deslumbrar com tudo. A fama massageia o ego, mas tudo passa. Com relação ao dinheiro, posso dizer que dinheiro sempre foi muito pouco, mas nunca passamos fome. Hoje não temos mais problemas financeiros, graças ao nosso trabalho.
TN - Como vocês receberam a notícia que a música “Tem que ser você” seria tema de novela?
Com muita alegria! Imagina ter uma música sua em uma novela da Globo. Foi um momento muito especial mesmo. A única exigência feita pela direção da novela foi a de regravar a música em estúdio.